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NRP CORTE-REAL NA OPERAÇÃO ATALANTA
No âmbito dos seus compromissos in- a área de operações, apenas com o Suez e 1ª PARTE
ternacionais com a União Europeia, o Mar Vermelho a separar-nos do Golfo de
Portugal enviou a Fragata Corte-Real Áden. Inserida num longo comboio de na- so, embarcado no navio espanhol “Patino”.
para integrar a força naval da UE (EUNA- vios, a fragata iniciou o trânsito no canal do Na manhã do dia 26, o navio efetuou a
VFOR) na Operação Atalanta. Suez no dia 21 de março. Com uma exten-
são de 163 quilómetros, este canal permite primeira operação de reabastecimento no
A Operação Atalanta tem como principal que a navegação transite entre o Mar Medi- mar com o reabastecedor da Marinha Ame-
propósito assegurar a proteção dos navios terrâneo e o Mar Vermelho, evitando con- ricana “USNS Pecos”. Trata-se duma opera-
do World Food Program (WFP) que trans- tornar o continente africano pelo cabo da ção em que um navio reabastece outro de
portam ajuda alimentar ao povo Somali, Boa Esperança. Anualmente é atravessado combustível, água potável, sobressalentes e
fornecer apoio logístico à Afri- por cerca de 15.000 navios, representando alimentos, permitindo aumentar o tempo de
can Union Mission in Somalia 14% do transporte mundial de mercadorias. permanência de uma unidade naval no mar.
(AMISOM) e contribuir para o De 25 para 26 de março, a Corte-Real che-
esforço militar na prevenção e gou ao estreito de Bab Al Mandeb, que se- Nos dois dias que se seguiram,
repressão de atos de pirataria e para o Mar Vermelho do Golfo de Áden, a Corte-Real, efetuou pela pri-
de assalto à mão armada no mar. tendo integrado, oficialmente, a EUNA- meira vez patrulha no Golfo de
VFOR na Operação Atalanta. Esta força Áden. Esta é uma área do globo
Após uma intensa fase de naval era então composta por seis navios conhecida atualmente pelos atos
aprontamento, que contou com das marinhas de Portugal, Espanha, França de pirataria vindos da costa da
a colaboração dos vários orga- e Alemanha e comandada pelo Contra-Al- Somália, um estado fragmentado
nismos e entidades da Marinha mirante da Marinha espanhola Jorge Man- e em guerra civil. No entanto, o
Portuguesa, o NRP Corte-Real Golfo de Áden trata-se da única
largou da Base Naval de Lisboa linha de comunicação marítima
no dia 12 de março. Esse dia fi- entre o oceano Índico e o Mar
cou marcado pela visita a bordo Vermelho, essencial para ligar
do o Presidente da República, o Ocidente ao Oriente. Para ga-
Professor Dr. Aníbal Cavaco Sil- rantir a segurança dos 80 navios
va, que se despediu da guarni- que diariamente atravessam esta
ção, fazendo votos de sucesso zona do globo, foi definido in-
para a missão. ternacionalmente um corredor
de trânsito recomendado para
Ao dar volta à faina, deu-se a navegação mercante, o IRTC
então início ao trânsito para a (Internationally Recommended
área de operações. A primeira Transit Corridor).
semana de mar serviu para toda
a guarnição retomar o ritmo Recorrendo aos seus senso-
operacional exigido a um navio res e ao helicóptero “Fénix”, a
que integra uma força naval em Corte-Real contribuiu, conjunta-
operações. Tratou-se de um pe- mente com outras unidades na-
ríodo repleto de exercícios des- vais, para a manutenção de uma
tinados a reforçar a organização vigilância atenta e permanente
de bordo para o combate à pi- nesse corredor que se estende
rataria. Foram efetuados treinos ao longo de mais 500 milhas
de tiro, de abordagem com as náuticas. Durante a patrulha, a
equipas do Pelotão de Aborda- fragata efetuou também ações
gem do Corpo de Fuzileiros, de de sensibilização dedicadas à
proteção próxima, de limitação navegação mercante, relativas
de avarias e de operações de às ameaças a que está sujeita
voo com o helicóptero orgâni- nesta zona do globo, alertando-a
co, Fénix. Este primeiro perío- para diversas medidas que pode
do no mar permitiu melhorar os implementar para incrementar a
padrões de prontidão do navio, sua própria segurança.
garantindo a prontidão de toda
guarnição para desempenhar a Na manhã de 28 de março,
sua missão. o navio português atracou no
Djibuti, porto obrigatório para
Na manhã do dia 18 de março, a Corte- todos os navios que operam no
-Real atracou na Base Naval de Souda Bay, Oceano Índico, devido à sua
na ilha grega de Creta. Esta primeira escala posição estratégica, à saída do Mar Verme-
teve como objetivo primordial reabastecer lho. É, aliás, no Djibuti que está instalada
o navio e permitir às equipas de abordagem a Atalanta Support Area, uma base avan-
e vistoria do navio receber formação espe- çada da União Europeia que facilita a sus-
cífica no NATO Maritime Interdition Ope- tentação logística da EUNAVFOR na área
rational Training Centre, aumentando a sua de operações.
proficiência no desempenho das suas fun- No dia 30 de março, a Corte-Real largou
ções num diversificado leque de cenários do Djibuti iniciando mais um período des-
táticos. No dia 20 de março, o navio lar- tinado a proteger a navegação mercante e
gou de Souda Bay, com rumo traçado para a combater a pirataria no Oceano Índico.
Colaboração do COMANDO DO NRP CORTE-REAL
REVISTA DA ARMADA • MAIO 2012 9