Page 17 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 506

A ARMADA PORTUGUESA

NA GUERRA DE INDEPENDÊNCIA

DO BRASIL

(1822-1823)

ANTECEDENTES (1807-1821)                      cio com os rebeldes em 1812, a
                                              conquista desta faixa é finalmente
  Entre Novembro de 1807 e Julho de           consumada em 1817, após algu-
1821, com a Família Real no Rio de Janei-     mas incursões do revolucioná-
ro (onde se refugiara na sequência das        rio argentino José Artigas no Rio
Invasões Francesas), deslocação em que        Grande do Sul. Nessa campanha,
esta fora acompanhada pelo grosso da          em que tomam parte uma nau,
Esquadra (23 navios, dos quais oito naus      uma fragata, cinco brigues e seis
e quatro fragatas), a Marinha Portuguesa      transportes, a Esquadra garante
opera, essencialmente, a partir do Brasil.    o controlo do mar e bloqueia os
                                              portos de Maldonado e Montevi-
  A sua primeira campanha de relevo nes-      deu. Neste último são, ainda, de-
te período dá-se entre 1808 e 1809, com       sembarcadas forças de Marinha,
a conquista da Guiana Francesa, acção         que efetuam o primeiro assalto,
determinada pela Coroa como represália        antes do avanço das tropas terres-
pela ocupação de Portugal pelas tropas de     tres.
Junot e para evitar que este território fos-
se utilizado como base de corso ou como         A Marinha tem, também, um
plataforma de lançamento de um ataque         papel preponderante aquando da
ao Brasil (além disso, viria a servir como    revolta de Pernambuco, em 1817,
“moeda de troca” nas negociações de paz       que, embora constitua um pre-
de Viena). Na tomada de Caiena, a 12 de       núncio do movimento indepen-
Janeiro de 1809, a componente naval é         dentista brasileiro, encontra ainda
formada por dois brigues, uma escuna,         uma conjuntura envolvente desfa-
dois cúteres, três barcas canhoneiras e       vorável à sua propagação. Na oca-
três transportes, encabeçados por uma         sião, são aprisionados pelos revo-
fragata inglesa cujo comandante, James        lucionários do Recife um brigue,
Yeo, oferecera os seus serviços à Coroa       uma galera e um brigue mercante José Artigas (1764-1850).
Portuguesa.                                   surtos no porto, sendo ainda re-
                                              quisitado e armado um outro brigue mer- escuna. Refira-se que a falta de navios
  Sacudida a pressão francesa sobre o         cante. Os revoltosos procuram o apoio dos levara o Conde dos Arcos, governador da
Brasil, chega a altura de marcar uma po-      E.U.A. e tentam comprar navios, armas e Baía, a requisitar e a artilhar alguns na-
sição face aos primeiros levantamentos        munições, mas só conseguem fretar um vios mercantes. Uma ação mais decidida
independentistas nas colónias espanholas      corsário, o qual viria a ser capturado pe- por parte dos rebeldes no momento em
da América do Sul. Depois de uma primei-      los navios da Armada Real que bloqueiam que a força naval do Rei se encontrava, ali,
ra intervenção armada na Banda Oriental       o porto: uma corveta, um brigue e uma mais vulnerável poderia, provavelmente,
(Uruguai), interrompida com um armistí-

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