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REVISTA DA ARMADA | 512
NRP ARPÃO
TRÁFICO DE MIGRANTES
Foto 2TEN Carvalho Correia
orria o final do mês de julho e a azáfama no cais 6 contrastava imersão, um recorde para esta classe de submarinos, atentou ao
C com a acalmia da restante Base Naval de Lisboa. Os prepara- ânimo dos 34 submarinistas.
tivos finais para uma missão de um mês fora de área corriam a A preparação da missão tinha sido especialmente exigente,
todo o vapor, mas o facto de estarmos no tradicional período de sobretudo considerando que os meses de junho e julho tinham
férias de verão fazia com que os elementos da guarnição do NRP incluído os exercícios SWORDFISH 16 e RECOGNIZED ENVIRON-
Arpão fossem dos poucos militares a circularem naquela área da MENTAL PICTURE 16, este último concluído apenas duas sema-
BNL. Apesar da perspetiva de gozo tardio das suas férias, eventu- nas antes da largada, com incontornáveis implicações no apron-
almente desfasadas das suas famílias, a disposição da guarnição tamento do pessoal e material para a Operação SOPHIA.
era surpreendentemente boa! Em conversa com outros camara- Superadas as dificuldades da fase de aprontamento, fazendo
das diziam que iam num cruzeiro em agosto para o Mediterrâ- jus à típica expressão naval “o que é preciso é largar cabos!”, o
neo… NRP Arpão largou na soalheira manhã do dia 3 de Agosto, ainda
Na realidade, o submarino iria ser empenhado em apoio à com uma tarefa suplementar para cumprir antes de se dedicar
Operação SOPHIA da EUNAVFOR MED, força naval da União Eu- em exclusivo à missão principal: embarcar uma equipa do pro-
ropeia. Criada no contexto desta organização, além do natural grama Volante da SIC Notícias. A realização desta reportagem im-
suporte do Conselho da EU no âmbito da sua PESC , conta tam- pôs um pequeno desvio a Sesimbra para o desembarque dos três
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bém com o apoio das Nações Unidas através da Resolução 2240 elementos, não sem antes permitir à guarnição mostrar orgulho-
(2015) do seu Conselho de Segurança. Esta força naval tem como samente as capacidades do seu navio à equipa de reportagem.
missão “contribuir para o desmantelamento do modelo de negó- Concluído o desembarque, rumou-se a sul para atingir a ba-
cio das redes de introdução clandestina de migrantes e tráfico de timétrica dos 100 metros. Feitos os últimos telefonemas para a
pessoas na zona sul do Mediterrâneo central.” família e fumados os derradeiros cigarros, seguiu-se a ordem de
O facto de ser uma missão real, com o objetivo último de con- “Alerta ” dada pelo oficial de quarto à ponte, iniciando o perí-
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tribuir para a resolução de uma situação de drama humanitário, odo de imersão que só seria interrompido passados 23 dias. A
imbuiu um espírito de missão a todos quantos se preparavam próxima vez que se poderiam dar ao luxo de telefonar para casa
para passar o agosto sob as águas cálidas do Mare Nostrum. Nem ou apanhar sol seria já ao largo do porto de Cartagena, depois
mesmo a perspetiva de um período de 23 dias consecutivos em de cumprido o empenhamento operacional na EUNAVFOR MED.
12 NOVEMBRO 2016