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REVISTA DA ARMADA | 512

          CENTRO DE OPERAÇÕES MARÍTIMAS



          COMAR







          INTRODUÇÃO                                          O COMAR E O CSM

             atual demanda pelas vias de comunicação marítimas está a   Em junho de 2008 a Marinha criou no Comando Naval o COMAR,
         A aumentar em razão da crescente necessidade dos seus utili-  para o apoio ao exercício, de nível operacional, do comando, con-
          zadores, o que leva a um incremento do risco de desenvolvimento   trolo e coordenação das ações da Marinha/Autoridade Marítima
          de atividades ilícitas.                             Nacional e da sua articulação com os demais órgãos do EMGFA,
           Em bom rigor, tal significa que os Estados ribeirinhos têm de es-  dos ramos e de outras entidades do Estado com competência de
          tar preparados para combater novas ameaças, com especial des-  atuação nos espaços marítimos.
          taque para os atos de pirataria, terrorismo e outros ilícitos no mar,   Este Centro de Comando e Controlo é guarnecido 24 horas por
          pelo que se torna fundamental que as suas Marinhas mantenham   dia,  sete  dias  por  semana,  e  está  sob  a  dependência  direta  do
          a capacidade de vigilância, controlo, proteção e intervenção nas   VALM Comandante Naval.
          áreas marítimas de interesse e responsabilidade.      O COMAR tem por tarefa principal apoiar a Marinha, a Autorida-
           A título de exemplo, e apenas em 2015, na costa portuguesa fo-  de Marítima e o Instituto Hidrográfico na condução de operações,
          ram identificadas mais de 400.000 passagens de navios, medição   exercícios e outras atividades no mar, a fim de tornar mais eficien-
          efetuada apenas com recurso ao sistema Automatic Identification   te e eficaz o exercício da autoridade do Estado e a segurança nos
          System (AIS). Se considerarmos que cada navio poderá representar   espaços marítimos sob soberania e jurisdição nacional.
          um risco potencial, o desafio é evidente!             O Centro é ainda responsável por colecionar, processar e disse-
           Por outro lado, e embora se possa afirmar que a natureza das   minar a informação necessária à aquisição e manutenção do CSM
          atividades ilegais e a variedade de ameaças e riscos associados em   na nossa área de interesse, em articulação com o EMGFA e outros
          ambiente marítimo é bem conhecida, a sua complexidade aumen-  centros de operações nacionais e internacionais, podendo apoiar,
          tou e isso levou a uma necessária mudança de paradigma, onde se   ainda, o Centro de Crise da Marinha e o Centro Nacional Coorde-
          passou de um conceito assente na “necessidade de conhecimento   nador Marítimo.
          independente“ para outro suportado pela “necessidade de parti-  Este Centro de Comando e Controlo é alimentado por múltiplos
          lha da informação a nível global“.                  sistemas de informação militares e não militares, assim como por
                                                              outros processos veiculadores de informação. A fusão, análise e
                                                              validação desta informação permite contribuir para a superiorida-
                                                              de na decisão, em todos os níveis de comando (tático, operacional
                                                              e estratégico), e para que a missão seja cumprida de uma forma
                                                              coerente, integrada e complementar.
                                                                No âmbito das missões da Marinha reguladas por legislação pró-
                                                              pria, o Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo
                                                              de Lisboa (MRCC Lisboa) está localizado com o COMAR.
                                                                Enquanto MRCC Lisboa, e decorrente dos compromissos assu-
                                                              midos por Portugal no âmbito da Convenção de Busca e Salvamen-
                                                              to Marítimo da Organização Marítima Internacional (IMO), a tarefa
                                                              principal do centro é coordenar as ações e os meios empenhados
                                                              em operações de busca e salvamento marítimo, relativas a aciden-
                                                              tes ocorridos com navios e embarcações no mar, na Região de Bus-
                                                              ca e Salvamento Marítimo (SRR) de Lisboa.
                                                                Esta localização do COMAR com o MRCC Lisboa permite con-
           Esta nova abordagem, mais coerente, requer o estabelecimen-  centrar num único local o acesso a um vasto leque de fontes de
          to de alianças e parcerias entre organizações e outros atores com   informação e de comando e controlo no âmbito da segurança ma-
          competências nos mesmos espaços, de forma a assegurar um ade-  rítima, de que se destacam, entre outros, o Global Maritime Dis-
          quado conhecimento situacional marítimo (CSM).      tress Safety System (GMDSS), o Integrated Maritime Data Environ-
           Acresce que, além das áreas de operação afastadas do território   ment (IMDatE), o Automatic Identification System (AIS), o sistema
          nacional (fora de área), onde comummente são atribuídas missões   Cospas-Sarsat, o Vessel Monitoring System (VMS) e o Vessel Traffic
          aos navios da Marinha no quadro das alianças e compromissos   Services (VTS), o que se traduz num efectivo ganho de eficiência.
          internacionais, Portugal possui uma vasta área marítima de res-  Em termos de relacionamento com entidades externas, o CO-
          ponsabilidade que exige eficiência e eficácia quando a Marinha é   MAR permite uma célere articulação multi-agência, com entida-
          chamada a atuar no mar, assumindo o Centro de Operações Marí-  des nacionais como as que integram o Centro Nacional Coordena-
          timas (COMAR), nesse particular, um papel determinante.   dor Marítimo (CNCM), nomeadamente a Força Aérea Portuguesa,



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