Page 10 - Revista da Armada
P. 10

REVISTA DA ARMADA | 544


              GUERRA NAVAL: ÁGUA, FOGO E LOGOS


              3ª Parte




              O FOGO COMO LOGOS
                                                                                                                   DR
                 ão é preciso ser um grande  fi lósofo
              Npara entender a grandeza cósmica de
              um mundo em que tudo se encontra em
              relação sinfónica. É nos momentos críƟ -
              cos, como o que se viveu antes e durante
              a Segunda Guerra Mundial, em que se dá
              o enfraquecimento lógico do mundo, que
              é necessário escolher entre colaborar com
              o mal ou procurar aniquilá-lo. Ou seja, é
              quando o Mundo se revela de forma apa-
              rentemente anƟ téƟ ca como “imundo” que
              se revelam as grandes almas capazes de
              perceber o absoluto de ordem presente,
              ainda presente, no seio da manifesta   CV-5 USS Yorktown após ter sido aƟ ngido por aviões bombardeiros “Val” japoneses em 04PM JUN42.
              desordem geral. São exemplos Sócrates e
                                                                                                 5
              Platão, que teimaram em anunciar, quando   a afi rmar que a guerra é uma paixão, algo   modo impossível . Dito de outro modo,
              Atenas entrava em fase de decadência,   que se vive como uma febre . A febre é   aqueles que acreditam que pode haver
                                                                        4
              que há um bem que transcende toda a   manifestação da luta em que o organismo   um mundo sem senƟ do, um mundo sem
              entropia presente no comum movimento,   se encontra para se libertar do que o escra-  humana inteligência e sem o absoluto do
              como já os anƟ gos Homero e Hesíodo o   viza, e que, em úlƟ ma instância, o pode   ato, que marca a diferença entre haver ser
              Ɵ nham mostrado poeƟ camente ao exaltar   aniquilar. A experiência de Lavelle, que não   e não haver o que quer que seja.
              a absoluta ínfi ma força do residual Logos    se conformou com a lama das trincheiras   É, ainda, o exemplo dos jovens pilotos
                                              1
              da ordem em agónica luta contra o Caos,   durante a Primeira Guerra, contradiz essa   americanos que consƟ tuíam a esquadri-
              confl ito do qual este úlƟ mo saiu vencido,   outra com que se comprazem os que dizem   lha de torpedeiros do porta-aviões CV-8
              ainda que provisoriamente, sempre provi-  que não pode haver senƟ do depois de Aus-  USS Hornet , que, no dia 4 de junho de
                                                                                              6
              soriamente .                       chwitz, dando assim razão aos que sempre   1942, em plena guerra do Pacífi co,  per-
                       2
               É também esta procura do senƟ do através   profeƟ zaram a sub-humanidade neces-  maneceram fi rmes no ataque aos porta-
              do ato  que levou o fi lósofo Louis Lavelle   sária para exercer a sua Ɵ rania, de outro   -aviões japoneses, mesmo quando iam
                   3







































              10   SETEMBRO/OUTUBRO 2019
   5   6   7   8   9   10   11   12   13   14   15