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REVISTA DA ARMADA | 544
Esquadrilha de aeronaves Douglas TBD “Devastator” no CV-6 USS Enterprise Aeronave Mitsubishi A6M type 0, mais conhecida por “Zero”.
em 04AM JUN42.
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sendo aba dos, sem apelo nem agravo, quem é a origem e a causa da guerra, em
pelos caças japoneses. Todos os 16 aviões cada escolha que faço, em cada ato meu de Notas
torpedeiros foram aba dos, tendo apenas cada dia. “O deus é isento de culpa” . 1 “Defi nimos Logos como ato lógico próprio do
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sobrevivido 1 dos 32 tripulantes. Estes A modo de conclusão. Se a água é o homem, isto é, da sua mesma vida, de seu mesmo
bios próprio e adequado como vida de colheita de
jovens, como aliás a grande maioria dos meio ambiente ou palco da guerra naval sen do; vida que ou é colheita de sen do ou não é
que se ofereceram livremente para com- e o fogo é o modo de destruição, o Logos, propriamente humana”. (PEREIRA, Américo, Sobre
a Essência da Ciência. Notas Refl exivas, Lusosofi a:
bater a besta rânica, compreenderam como colheita de sen do, é o garante pri- Press, 2008, p.5).
que nada pode vencer um Homem livre, meiro e úl mo da possibilidade de um bem 2 Cf., LAVELLE, Louis, Cadernos de Guerra, Na frente,
pois que mesmo aniquilado fi sicamente, comum, de uma salvação histórica para a Tradução de Francisco Piedade Vaz, Estudo Introdu-
tório de Américo Pereira, Argumento, Universidade
no campo da batalha, pelo sen do, a força humanidade como um todo. Sendo que a Católica Portuguesa, Lisboa, 2016, pp. 27-29.
bruta que esmaga mais não faz do que guerra é o poder absoluto de destruição, 3 Toda a ação humana é uma forma de a inteligência
demonstrar a sua ignara bes alidade . o único modo de não poder a ngir, vez ontológica/ontopoié ca criar sen do, ou seja, é a
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forma propriamente humana.
Se olharmos à volta facilmente consta- alguma ser algum, é aquela nunca exis r, 4 “A guerra é uma febre. Infelizes sejam aqueles que
tamos que ranos e oligarcas con nuam pelo que é fácil compreender assim a gran- a fazem sem ter esta febre” (LAVELLE, Louis, Cader-
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a parasitar o mundo em todas as áreas da deza da máxima que diz que a única guerra nos de Guerra, Na frente, Argumento, Universidade
Católica Portuguesa, Lisboa, 2016, p. 53).
a vidade humana. Realis camente, pode boa foi aquela que nunca exis u . 5 Cf., LAVELLE, Louis, Cadernos de Guerra, Na frente,
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dizer-se que a história da humanidade, Tradução de Francisco Piedade Vaz, Estudo Introdu-
desde os mí cos Adão e Eva e Caim e Abel, Piedade Vaz tório de Américo Pereira, Argumento, Universidade
Católica Portuguesa, Lisboa, 2016, p. 29.
é o relato da perversão bes al da sua capa- CFR REF 6 Referimo-nos à Batalha de Midway, que decorreu
cidade própria de engrandecimento . Comunicação efetuada no âmbito do VIII Coló- entre 4 e 7 de Junho de 1942, em que os “Devasta-
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Como Platão muito bem assinala, pouco quio Internacional, Imagé ca do Fogo: medos, tor” do USS Hornet, armados com torpedos e lide-
rados pelo Capitão-tenente John Waldron, (Torpedo
antes de fi nalizar a sua Politeia a res- paixões, renascimentos, Faculdade de Letras da Squadron Eight) são os primeiros a detetar os porta-
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ponsabilidade é de quem escolhe. Sou eu Universidade de Lisboa, 4 de junho de 2019. -aviões japoneses e, apesar de não terem proteção
de caças, lançam de imediato o ataque. Os caças
“Zero” japoneses, ao detetarem estes aviões, lan-
çam-se sobre eles, tendo aba do a totalidade.
7 À moda de um mí co Ulisses ou de um bíblico Jó
provaram que nada nem ninguém se pode opor
efi cazmente ao bom fi m do ser humano se este for
capaz de estar em ato à altura da tarefa, ou seja, a
caminho do bem comum. Bem comum como “Telos”
humano que apenas pode ser a ngido em liberdade.
A palavra oligarquia tem a sua raiz e mológica na
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palavra grega ὀλιγαρχία, que literalmente signifi ca o
‘governo de poucos’ é a forma de governo em que
o poder está concentrado num pequeno número
pertencente a uma mesma família, a um mesmo par-
do ou a grupo económico ou corporação. Por
outras palavras, um oligarca corresponde sempre
a um rano frustrado, pois tem que par lhar o seu
poder com outros, igualmente oligarcas.
9 Cf., PEREIRA, Américo, É ca e Teologia, Declinações
de uma relação, Editorial Cáritas, Lisboa, 2016, p. 131.
10 A Politeia de Platão pode ser vista como um longo
tratado sobre a paz. Este tratado começa com a vitó-
ria da força do Logos da persuasão sobre a “alogia”
da força da violência.
11 Cf., PEREIRA, Américo, Eros e Sophia Estudos Plató-
nicos II, Lusosofi a: Press, Covilhã, 2015.
12 “[…] a guerra mais não é do que o literal roubo de
possibilidades próprias alheias, a todos os níveis, mas,
sobretudo, ao nível ontológico: a guerra, cada ato de
guerra, rouba a um outro ser humano possibilidades
que lhe são inalienavelmente próprias e que nunca
lhe deveriam ser roubadas, pois tal ato não tem remis-
são possível.” (LAVELLE, Louis, Cadernos de Guerra,
Na frente, Tradução de Francisco Piedade Vaz, Estudo
Introdutório de Américo Pereira, Argumento, Univer-
sidade Católica Portuguesa, Lisboa, 2016, pp. 7-8.)
SETEMBRO/OUTUBRO 2019 11