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REVISTA DA ARMADA | 544
COMUNICAÇÃO:
A ESSÊNCIA DO TRABALHO EM EQUIPA
“Se as instruções não são claras e as explicações e as ordens não estão compromeƟ das,
a falha é do general“
Sun Tzu
comunicação é uma capacidade intrínseca do ser humano. mares da pirâmide de competências não-técnicas. Primeiro,
A Corresponde a um processo de troca de informação entre começou por falar-se da consciência situacional, tanto a nível
dois ou mais indivíduos, bem como de feedback, respostas, individual como da equipa, e da importância que um bom nível
ideias ou emoções em relação a um assunto. Essa comunica- desta competência possui para a operação de um navio. Como
ção é feita com base num código que deve ser compreendido segundo patamar, surge a tomada de decisão que cada um de
por todos os elementos envolvidos no processo comunicaƟ vo. nós faz em cada momento. Temos consciência de onde esta-
Como em todas as áreas do conhecimento, diversos estudio- mos, idenƟ fi camos o problema e sabemos como o resolver…
sos se têm dedicado a compreender melhor como ocorrem os E agora? Como seremos capazes de transmiƟ r isso à nossa
processos de comunicação, exisƟ ndo a designada “Teoria da equipa, de forma posiƟ va, contribuindo para a minimização da
Comunicação” que explica de que forma se processa a troca cadeia de erro? É aqui que a comunicação tem um papel deci-
de informação e a comunicação humana como processo social sivo para o desempenho da equipa e execução da missão.
primário.
Costuma dizer-se que, muitas vezes, a forma como se fala é COMUNICAR: COMO SE PROCESSA?
mais relevante do que aquilo que se diz. Vergílio Ferreira disse
que “Afi rma com energia o disparate que quiseres e acabarás A comunicação é composta por quatro elementos fundamen-
por encontrar quem acredite em Ɵ ”. É, por isso, que a comuni- tais, como se observa na fi gura seguinte.
cação se consƟ tui como uma arma tão potente nas organiza- Esta é uma competência não-técnica que pode e deve ser
treinada para garanƟ r a coor-
denação de todos os elementos
da equipa, sem perda de infor-
mação relevante no decorrer
dos acontecimentos. Por exem-
plo, se no centro de operações
de uma fragata não exisƟ r um
bom fl uxo de informação entre
todas as estações, o coman-
dante do navio não conseguirá
ter o panorama geral dos recur-
sos disponíveis para fazer face
a uma situação de ameaça.
Ainda que consiga ter o seu
nível de consciência situacional
defi nido, fruto da sua própria
observação do que se passa
em redor, necessita dos inputs
das diferentes áreas para a sua
tomada de decisão e isso ape-
nas é possível com a existência
de canais de comunicação bem
estabelecidos. Trata-se de uma
comunicação bidirecional que
reforça o modelo mental parƟ -
lhado da equipa sobre a situa-
ção e que permite o afi nar das
capacidades.
ções e sociedade atual, estando nos alicerces da sua estrutu- No entanto, quando se fala no sucesso do processo comuni-
ração. Mas será que apenas se comunica de uma única forma? cacional, é necessário relembrar os diferentes tipos de comu-
Tal como acontece com a inteligência, a comunicação pode ser nicação falados anteriormente. Stephen Hawking disse que
de diferentes Ɵ pos. Por exemplo, pode falar-se de tantos Ɵ pos “As grandes conquistas da humanidade foram obtidas conver-
de comunicação como a comunicação oral, escrita, não verbal, sando e as grandes falhas, pela falta de diálogo”. Não é pre-
visual, social, organizacional, interna, integrada ou asserƟ va. ciso apenas dizer-se que é preciso comunicar. É fundamental
Nos dois arƟ gos anteriores, falou-se dos dois primeiros pata- criar o espaço e as condições ideais para que essa comuni-
12 SETEMBRO/OUTUBRO 2019