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REVISTA DA ARMADA | 544
Etapas da comunicação .
cação aconteça! Esse é mais um dos aspetos do sucesso da cessos em que se baseia o funcionamento da equipa. São
comunicação: um ambiente propício a que ela ocorra, sem também estes os três pilares de um briefing bem-sucedido,
limitações. Numa equipa que é sujeita a um ambiente dinâ- essencial para qualquer série de treino ou missão a ser exe-
mico e em constante mudança, muitas vezes as palavras não cutada. Num briefing que tem de ser feito em dois minutos,
conseguem transmitir tudo aquilo que se pretende e é neces- não podem existir equívocos, pedidos de clarificação ou dúvi-
sária uma leitura mais cuidada de quem nos rodeia. Mas o que das quanto ao que foi transmitido. No entanto, deve promo-
será que isso significa? ver-se a escuta ativa em que todos os elementos sabem que
A comunicação não-verbal tem ganho cada vez mais relevo estão envolvidos na situação, que aceitam o treino como seu
quando se fala de treino de equipas. Este tipo de comunica- e que procuram esclarecer os aspetos que não compreendem,
ção traduz a forma como comunicamos, intencionalmente garantindo que existe uma troca de informação clara e con-
ou não, mas sem utilização de palavras. É esta a forma de cisa, sem barreiras à comunicação.
comunicação que transmite a essência das nossas emoções, Sempre que vamos comunicar, seja qual for a situação, deve-
designando-se também por linguagem corporal. São os gestos mos sempre fazer as seguintes questões: O quê?, Como?, Por-
que fazemos com as nossas mãos, a nossa postura corporal, o quê? E quem? São estas as quatro grandes questões que o
nosso tom de voz e até as microexpressões do nosso rosto que líder de uma equipa deve ter em cima da mesa e procurar a
determinam a forma como comunicamos, como conseguimos resposta enquanto a gere. Com um bom nível de consciência
transmitir a nossa mensagem, com ou sem ruído, facilitando situacional, o líder sabe a informação que tem de comunicar e
a sua assimilação pelo nosso interlocutor. Quantas vezes não a melhor forma para o fazer. Ao tomar uma decisão face a um
sentimos que não compreendemos uma mensagem, mas não problema, o líder compreende porque tem de comunicar essa
conseguimos identificar porquê? Pode ser devido à comunica- informação à equipa e, com base na decisão, sabe quem tem
ção não verbal que isso acontece. de envolver na ação. É, por isso, que as competências não-
Quando se fala numa equipa que está em treino, é funda- -técnicas são vistas como uma pirâmide, em que um patamar
mental que os seus elementos sejam treinados para comuni- pressupõe que os patamares inferiores estão satisfeitos, quase
car de forma explícita, atempada e assertiva. Estes três pilares numa analogia à hierarquia das necessidades de Maslow. O
da forma de comunicar permitem garantir que são cumpridas ser humano é um animal social e, inerentemente, necessita
as quatro etapas da comunicação, otimizando todos os pro- de comunicação para sobreviver. Importa então desenvolver
as melhores ferramentas que nos permitam obter o melhor
retorno desta comunicação, assumindo uma postura de lide-
rança adequada a cada contexto.
Sandra Campaniço Cavaleiro
1TEN TSN-QUI
No próximo arƟ go…
Cada equipa tem um elemento agluƟ nador e que centra em si
a gestão da informação, a autoridade e a responsabilidade para
decidir em cada instante, a alocação dos recursos e a gestão
das pessoas dessa equipa. Esse elemento, o líder, pode emer-
gir, de forma informal, entre os elementos da equipa ou estar
designado formalmente na estrutura, como acontece com o
Ofi cial de Quarto à Ponte de um navio. A liderança surge como
o elemento integrador da consciência situacional, tomada de
decisão e comunicação, sem a qual a equipa “perde o rumo”.
Este será o tema do próximo e úlƟ mo arƟ go sobre competên-
cias não-técnicas e Bridge Resource Management.
Pirâmide de competências não técnicas fundamentais para a gestão de recursos
da ponte e para o trabalho em equipa.
SETEMBRO/OUTUBRO 2019 13