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GBC CARGO se seguiram, os Fuzileiros parƟ ciparam aƟ vamente com as suas
12 Berliet-Tramagal GBA em várias missões de Manutenção da
A 16 de maio de 1973 a MDF apresentou uma proposta de aqui- Ordem Pública e, esporadicamente, em Campanhas de Dinami-
sição da viatura tácƟ ca pesada “Berliet-Tramagal GBC 8 KT 6x6” à zação Cultural e Acão Cívica do Movimento das Forças Armadas
Marinha Portuguesa. As viaturas foram adquiridas a 13 de julho (MFA) de apoio às populações.
de 1973 e entraram ao serviço da Marinha, em pequeno número, Enquanto viatura de transporte táƟ co, transportavam Unidades
em 28 de agosto de 1973. de Fuzileiros (uma viatura por Pelotão) que se encontravam em
Apenas terão sido enviadas para o Comando Naval de Angola e estado de pronƟ dão imediata e atribuídas ao Comando Operacio-
destacadas para Vila Nova da Armada 2 Berliet-Tramagal “GBC”. nal do ConƟ nente (COPCON), desempenhando um papel determi-
Findo o confl ito, regressaram a Portugal. nante como demonstração de força. Por vezes, quando era neces-
Uma das “GBC” manteve a função de transporte de pessoal e sário incrementar o grau de resposta, essas missões eram reforça-
a outra (AP-18-14) foi enviada para a MDF (tal como sucedeu a das pelas viaturas blindadas Chaimites dos Fuzileiros.
algumas viaturas do mesmo modelo do Exército) para ser modi- Tais missões Ɵ nham lugar na área de responsabilidade e inter-
fi cada para a função de “Pronto-Socorro”, sendo dotada de uma venção dos fuzileiros - o distrito de Setúbal em geral e o concelho
grua mecânica “MDF” (com capacidade para rebocar uma viatura de Almada em especial. Houve que manter a Ordem Pública na
sobre-elevada até o máximo de 3500 kg) e de um pirilampo (para zona de Almada (incluindo no Arsenal de Alfeite e na Lisnave) e
sinalizar a marcha-lenta). Este “reboque”, aquando do respeƟ vo
abate em janeiro de 2001, contava com 275757 km efetuados.
Também exisƟ ram alguns destes camiões no Comando Naval de
Moçambique, cedidos a ơ tulo de emprésƟ mo pelo Exército (dispu-
nha “in loco” de mais de 610 exemplares), uƟ lizados para missões
logísƟ cas e administraƟ vas e que, por vezes, apoiavam a movimen-
tação de Unidades de Fuzileiros. Tal aconteceu, por exemplo, com
o Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 1 (DFE 1) em 1967/69
em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.
GBA
No início de 1974, após uma visita do então CEMGFA, General
Costa Gomes, a Angola e Moçambique, foi convocada para 22 de
fevereiro a Comissão Conjunta dos Chefes de Estados-Maiores,
para debater os planos de aquisição e orçamentos para 1974 e
uma previsão para 1975. Dessa reunião da Comissão foi elabo-
rado um Apontamento onde fi cou previsto que a renovação das
viaturas das Unidades de Fuzileiros deveria processar-se automa-
Ɵ camente e abranger, anualmente, ¼ da dotação total. MODELOS / ANO INÍCIO MOTORIZAÇÃO
Ficou ainda acordado nesse Apontamento a possibilidade de RODADOS MONTAGEM
subsƟ tuir a viatura Mercedes por outra mais adequada para as MODELO CILINDRADA POTÊNCIA CARBURANTE
missões, podendo a solução recair na Berliet-Tramagal, obtendo- GBC 8 KT 1964 Berliet M520 5 Cilindros 125 Cv Policarburante
-se assim mais-valias no tocante a logísƟ ca e manutenção, fruto 4X4 7900 cc a 2100 RPM
da uniformização com o Exército. GBC 8 KT 5 Cilindros 125 Cv
Segundo os registos da Direção de Transportes (DT), as 12 Ber- 6X6 1966 Berliet M520 7900 cc a 2100 RPM Policarburante
liet-Tramagal eram consideradas: «viaturas especiais», para efei-
tos de Cadastro de Viaturas, e designadas ofi cialmente, pelas Ins- GBA MT 1968 Berliet M420 4 Cilindros 135 Cv Diesel
truções Técnicas dos Fuzileiros, por: «Viatura TáƟ ca Pesada 6x6 6X6 30XP a 2600 RPM
Berliet GBA». Entraram ao serviço da Marinha Portuguesa entre
novembro de 1974 e junho de 1975, tendo sido adquiridas com Trafaria, assim como zelar pelos designados “Pontos Sensíveis”:
verbas do OFNEU74 / OFNEU75 e destacadas à carga do Bata- instalações da NATO, abastecimento de água, postos de transfor-
lhão de Fuzileiros nº 3 (Unidade de manobra BF3), mais concre- mação da EDP, fábrica de munições, fábrica da pólvora, instala-
tamente do Grupo de Transportes TáƟ cos Terrestres (GTTT), con- ções de enƟ dades públicas, etc.
fi gurando uma Unidade de Apoio de Combate. Neste período políƟ co-militar, para além das Berliet-Tramagal
De salientar que, em 1975, estas viaturas táƟ cas pesadas ofe- próprias, os Fuzileiros uƟ lizaram viaturas cedidas pelo Exército.
receram aos Fuzileiros fl exibilidade e mobilidade operacional, ParadigmáƟ co o caso da Companhia de Fuzileiros nº 7, conhecida
num momento em que passavam por um processo de adaptação, pela alcunha de “Ralis das Lezírias”, que destacada no Grupo nº 1
transitando de uma guerra de guerrilha para confl itos de cariz de Escolas da Armada (G1EA) em Vila Franca de Xira às ordens do
mais convencional. Elas permiƟ ram aumentar a capacidade de Comando do COPCON, dispunha de duas Berliet GBC cedidas pelo
manobra táƟ ca e o emprego desta força de elite em situações Exército. Entre os dias 24 e 26 de novembro de 1975 esteve tam-
de maior exigência operacional num largo espectro de exercícios, bém dotada de uma viatura Unimog atrelando um canhão sem
operações e aƟ vidades militares. recuo de 106 mm.
As Berliet eram então presença assídua nos desfi les militares e
PREC em exercícios, tanto nos exclusivos dos Fuzileiros e da Marinha
– PHIBEX – como nos conjuntos ou combinados (com os restan-
No passado recente da história portuguesa, no período políƟ - tes Ramos das FFAA Portuguesas ou estrangeiras) - ALBATROZ/
co-militar denominado por “Verão Quente” de 1975 e anos que MARTE/GALERA.
18 SETEMBRO/OUTUBRO 2019