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REVISTA DA ARMADA | 550







              ACADEMIA DE MARINHA




              SESSÕES CULTURAIS


              “DOCUMENTOS INÉDITOS PARA A EXPEDIÇÃO DE BARRETO-HOMEM

              AO MONOMOTAPA (1569-1577): D. SEBASTIÃO, O ESTADO DA ÍNDIA
              E A GESTÃO DO IMPÉRIO”


                m 4 de fevereiro foi apresentada, no Auditório da Academia de   em África, quesƟ onando se a razão
              EMarinha, a comunicação “Documentos inéditos para a expedição   era apenas a de vingar os aconteci-
              de Barreto-Homem ao Monomotapa (1569-1577): D. SebasƟ ão, o   mentos de 1561, ou conhecer melhor
              Estado da Índia e a gestão do Império”, pelo Professor Doutor Nuno   a geografi a da região para mais tarde
              Vila-Santa.                                         equacionar outros projetos. Também
               O conferencista referiu que a sua comunicação Ɵ nha como objeƟ -  evidenciou qual seria o posicionamen-
              vo avaliar a documentação inédita que alterou o conhecimento his-  to assumido pela restante família real
              tórico sobre a primeira grande expedição portuguesa ao reino do   relaƟ vamente à expedição e como evo-
              Monomotapa (senhor das minas), realizada por Francisco Barreto e   luiu a disposição régia face a uma expe-
              por Vasco Fernandes Homem, entre 1569 e 1577.       dição que se prolongou durante todo o
               Apoiado nesta nova documentação, o orador explicou quais os   governo de D. SebasƟ ão.
              projetos que o rei D. SebasƟ ão Ɵ nha em mente, ao nomear Fran-  Por fi m, ainda descorƟ nou qual o lugar que ocupava, na mente
              cisco Barreto, em 1569, para dar início a uma ocupação territorial   régia e no âmbito do Império da época, esta expedição.

              “COMPETIÇÃO E CONFLITO NAS «ILHAS DE SOLOR» (1566-1636)”


                                      a sessão cultural de 11 de feve-  Ao longo da sua comunicação, o ALM Vilas Boas Tavares realçou
                                   Nreiro, foi apresentada a comu-  dois episódios de natureza militar-naval, nas décadas de transição
                                   nicação  “CompeƟ ção e confl ito  nas   do século XVI para o século XVII, centrados na Fortaleza de Solor,
                                   «lhas de Solor» (1566-1636)”, pelo   no arquipélago das Pequenas Ilhas Sunda. O primeiro, em 1580,
                                   Académico José Augusto Vilas Boas   “espelha sobretudo disputas associadas ao confronto entre as pe-
                                   Tavares.                       netrações islâmica e cristã na Ásia MaríƟ ma do Sudeste, em cone-
                                    O conferencista salientou que a con-  xão com o desenvolvimento ou afi rmação de outros interesses de
                                   quista de Malaca, em 1511, abriu aos   domínio e suserania, sobretudo nos planos da religião e do comér-
                                   portugueses um mundo de oportuni-  cio”, e o segundo, em 1613, marca e traduz “o início da parƟ lha de
                                   dades em todo o espaço insular mais   infl uência e soberania luso-holandesa na região, a qual iria evoluir
                                   a Oriente, sobretudo a parƟ cipação no   e perdurar até ao século XX”.
              comércio das especiarias das ilhas de Banda e de Maluco e no trato   A sessão terminou com um período de debate, em que o orador
              do sândalo de Timor.                                esclareceu as questões colocadas pela interessada assistência.


              “DISPUTAS E DILEMAS DE SEGURANÇA NOS MARES DA CHINA”

                m 18 de fevereiro foi apresentada a comunicação “Disputas e   pela China, nos úlƟ mos anos, condu-
              Edilemas de segurança nos mares da China”, pelo Professor Dou-  ziram-na à criação de novas bases mi-
              tor Luís Tomé.                                      litares nas ilhas localizadas no Mar da
               O orador referiu que a sua conferência Ɵ nha como objeƟ vo ana-  China Meridional e ao estabelecimen-
              lisar as disputas da República Popular da China, pelas ilhas Spratly   to de um sistema de defesa designado
              e Paracels, no Mar da China Meridional, com os vizinhos do Sudes-  de – Air Defense IdenƟ fi caƟ on Zone.
              te AsiáƟ co – Vietname e Filipinas, e explicar os constantes focos de   A terminar, deixou-nos uma refl exão
              tensão no Mar da China Oriental: com o Japão em torno das ilhas   sobre os dilemas de segurança na Ásia-
              Senkaku/Diaoyu; com a Coreia do Sul – nas ilhas Iedo/Suyan/Soco-  -Pacífi co, nos Mares da China, para que
              tra; e com os EUA sobre a questão de Taiwan.        se possam antecipar as linhas de evolu-
               Sem deixar de apresentar as visões, os interesses e os argumen-  ção futuras.
              tos dos atores envolvidos nestas várias disputas nos Mares da Chi-
              na, o conferencista salientou que as ações estratégicas tomadas            Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA


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