Page 155 - Revista da Armada
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O “Gil Eannes”
                                 O “Gil Eannes”


                        Entre a Guerra e a Paz
                        Entre a Guerra e a Paz



                                                   (Conclusão)





           Mais longe, na Madeira e
         nos Açores estalam mo-
         vimentos revolucionários
         que serão controlados, sob o
         comando do Ministro da
         Marinha, por navios das
         Marinhas de Guerra e
         Mercante (1) entre 6/04/31 e
         12/05/31.
                                            O cruzador “Adamastor”.

               o rescaldo, será o «Gil Eannes» que a  ... DE XANGAI, VIA BOMBAIM,   O RESSURGIMENTO NAVAL
               27/06, após revista ministerial, con-  A LISBOA
         Nduzirá a par da nova guarnição do                                      Como o Programa Naval de Magalhães
         «Adamastor», estacionado em Macau, 2 pas-  Com o costado pintado por chins, passa de  Corrêa começasse a tomar corpo havia que
         sageiros, 64 presos políticos com destino a  novo pelo estaleiro, sendo enviado a Xangai,  enviar as guarnições e material vário e para
         Timor  a que se juntaram, no porto da  onde depara com 30 vasos de guerra de  essa missão aprontou-se o «Gil Eannes» que
         Preguiça (2), mais cinco, em Bissau, outros 14  diversas nacionalidades, um deles o  efectuou duas viagens a Inglaterra.
         e em Luanda, dez e dois timorenses a repa-  «Adamastor», a recolher refugiados que não  Na primeira, que durou um mês e teve iní-
         triar, além de um clandestino (!?) descoberto já  comparecendo o fazem descer os rios  cio em 3/09/1933, visitou três portos trazen-
         depois das regulações das agulhas e do radio-  Whangpoo, Woosung e Yang-tzé-kiang e  do para Lisboa «minas, torpedos, munições
         goniómetro feitas ao largo de Cascais.  regressar a Macau.            de artilharia, aparelhagem especial, metra-
           Em todos estes portos e em S. Vicente, S.  Mais 22 caixotes, para o Ministério das  lhadoras, colheres dos tubos lança-torpedos,
         Tomé e no Lobito meteu água, frescos e/ou  Colónias, 222 bagagens e alguns passageiros  peças de artilharia de 12 cm (para o «Pedro
         carvão até demandar Lourenço Marques com  e com três dias em Hong-Kong ei-lo, de 24 a  Nunes») e muito outro material».
         oitenta dias de viagem, sendo então os pre-  30/03, em viagem para Singapura que deixou  No ano seguinte demandou quatro portos
         sos, nos portos confinados à coberta, aloja-  a 2/04.                 e regressou a Lisboa a 27/03 com seis peças
         dos na cadeia civil. As bagagens dos 90 que  Na madrugada de 4, antes de entrar no  de 120 mm para os contratorpedeiros
         reembarcaram foram, à semelhança de  Índico, foi observado, durante horas, um  «Douro» e «Dão» e outro material de guerra.
         Lisboa, revistadas sendo-lhes apreendidas  estranhíssimo fenómeno de «...faixas do mar  As mudanças de comando iam ocorrendo
         duas pistolas carregadas e várias garrafas de  iluminadas ... movimento vibratório ... ondas  e desta vez com intervalo de mês e meio.
         álcool (3).                        de nevoeiro luminoso...».            A 1/06 com contratorpedeiros, submari-
           Em dez dias entrou, a 17/09, em Port Louis  Depois de Colombo demanda Mormugão  nos, avisos e a aviação naval participa num
         saindo a 23 para Batávia (4) sendo observado  (6) onde mete dois caixotes do BNU (7) com  exercício de desembarque de forças de
         um eclipse total da lua, a 26, e, atravessado o  moedas de ouro, 102 troncos de teca, carros  Marinha que nas suas baleeiras tomaram de
         estreito de Sonda, entrou no porto daquela  de campanha e outro material militar e refaz  assalto a praia da ... Cruz Quebrada.
         cidade a 10/10 e em mais seis dias, a 21,  a pintura.                   No mês de Julho participou em impor-
         alcança Dili onde, como ocorrera em S.  Em Bombaim recebe carvão e a urna do  tantes manobras entre a Madeira e os Açores
         Tomé, encontra dois navios mercantes  falecido cônsul de
         nacionais.                         Portugal antes de
           Desembarcados os 4 passageiros larga  se afoitar aos gol-
         para o enclave do «Oekussi» onde presos e  fos da Arábia e de
         suas bagagens são desembarcados, efectuan-  Aden (carvão), e
         do algumas viagens nas costas da  colónia  prosseguir rumo a
         antes de, via Macassar, demandar a 12/11, o  Suez, Port Said,
         porto artificial de Macau.         Malta, Gibraltar e
           De 14/11 a 16/01/1932 sofre fabricos  Lisboa onde che-
         vários em Hong-Kong  e regressa a Macau  ga  a 4/06, com
         onde 31 praças destacam para o vapor  26.625 milhas per-
         «Chinde» que segue para Moçambique e  corridas, e en-
         efectua a rendição da guarnição do  trando, por um
         «Adamastor», o embarque de material mili-  ano, em meio ar-  O “Gil Eannes” nos exercícios da Cruz Quebrada: as forças de desembarque saltam
         tar, nomeadamente dois aviões Fairey (5).  mamento.  nas baleeiras.                                     ✎

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