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REVISTA DA ARMADA | 566
NOTAS FINAIS
Neste artigo procurou-se resumir os factos mais relevantes, fa-
zendo uma análise comparativa dos conceitos e das limitações
atuais; mencionei alguns aspetos menos conhecidos e que o pró-
prio CALM Rogério d´Oliveira teve a amabilidade de me contar,
complementados por conversas com o CALM ECN Balcão Reis e o
Comandante Beça Gil. O primeiro, ao tempo, chefe da Delegação
da DCN junto do estaleiro E. N. Bazan em Cartagena, e o segundo,
oficial imediato da 1ª guarnição da primeira corveta aumentada
ao efetivo.
Para a Marinha, o facto deste programa ter sido um projeto ge-
nuinamente português, projetado por um brilhante engenheiro
português, operado e mantido por portugueses e adequado às
missões da Marinha Portuguesa, deve ser motivo de orgulho.
J. Garcia Belo
CALM EMQ RES
Notas
1 Passou ao estado de desarmamento para abate em agosto de 2014, tendo sido
abatida ao efetivo dos navios de guerra em fevereiro de 2018.
2 O navio patrulha “Zaire”, o sétimo navio de dez da classe “Cacine”, atualmente a
operar nas águas de S. Tomé e Príncipe, completará também 50 anos de serviço
Passaram-se vinte anos, é certo que, entretanto, foram construí- durante o ano corrente.
3
Logo em 1970, o ALM CEMA, reconhecendo o grande mérito do projeto e da
dos 2 NPO, depois mais 2. Nos dois últimos o estigma dos atrasos, condução do programa, convidou o CALM Rogério D´Oliveira a propor o nome do
que ditou o afastamento da construção das corvetas no país na dé- comandante da primeira corveta.
cada de 60, foi ultrapassado. Importa, pois, garantir o repouso das 4 d´OLIVEIRA, Contra-almirante Rogério Silva, A Corveta Portuguesa dos anos 70,
corvetas, renovando os meios navais que asseguram, entre outras, Lisboa, Edições Culturais de Marinha, 1999.
5
op. cit pp. 48.
a capacidade de fiscalização oceânica. 6 NOBRE, Eduardo, Duelos & Atentados, Lisboa, Quimera, 2004, pp. 133-136.
Sendo uma necessidade justificada e imperiosa, o País deve en- 7 op. cit. pp. 40.
contrar recursos, tomando como referência as lições aprendidas 8 Após sancionamento superior, deu-se início ao respetivo desenvolvimento.
com outros programas recentes e não esquecendo os fatores de 9 Inspecção das Construções Navais, organismo antecessor da Direcção das Cons-
sucesso do programa das corvetas: uma plataforma, duas confi- truções Navais (DCN), integrada mais tarde na DGMN, que deu origem à Direção
de Navios em 1994.
gurações; gestão do contrato e do CICLO DE VIDA garantidos pela 10 d´OLIVEIRA, op. cit, pp. 41.
Marinha (autoridade técnica); formação e treino; atribuição dos 11 Os encargos com as 2 corvetas, adjudicadas posteriormente, importaram em
recursos financeiros e materiais necessários (rentabilização do in- 245.347 contos (milhares de escudos), aproximadamente 1,2M€ (sem correção
monetária).
vestimento efetuado); garantia de integração na Marinha com o 12 COELHO, Pedro Jorge, Salazar e os milionários, Lisboa, Quetzal, 2009, pp. 184
conjunto das capacidades, incluindo um Apoio Logístico generoso a 190.
e custo de Ciclo de Vida como principal elemento de decisão. 13 d´OLIVEIRA, op. cit. pp. 53.
14 LUAR, Liga de Unidade e Acção Revolucionária; a sua primeira ação aconteceu
em 1967.
15 FERREIRA, Ana Sofia de Matos, Luta Armada em Portugal (1970-1974), Tese de
Doutoramento em História, FCSH-UNL, 2015, pp. 174
16 Corvette 3rd series Preliminary Design Outline Specification, Ministério da Mari-
nha, Direcção das Construções Navais, 1972
17 Esta iniciativa mereceu destaque na edição n.º 6 da RA (março de 1972): “En-
contra-se em Lisboa uma missão da República da África do Sul que vem tratar da
construção em estaleiros portugueses de corvetas para a Marinha daquele país.
(…) a assistência técnica e administrativa ficará a cargo da Direcção de Construções
Navais”.
18 A qualidade da formação das primeiras guarnições, bem como a estabilidade
do pessoal, foram um dos fatores de sucesso deste programa (Comte. Beça Gil).
DOTMLPFI, acrónimo anglo-saxónico para Doctrine, Organization, Training, Ma-
19
teriel, Leadership and Education, Personnel, e Facilities, doutrina NATO para o pla-
neamento de capacidades.
20 Memória Descritiva 190/MD-811/990166, Descrição da Modificação das corve-
tas da classe “Baptista de Andrade”, Marinha, Direcção de Navios, 1999.
21 A corveta “Oliveira e Carmo” passou ao estado de desarmamento em 2002. O
abate concretizou-se em 2007. Foi afundada em 2012, ao Sul de Portimão.
22 A política de manutenção planeada era privilegiada em detrimento da manu-
tenção por acompanhamento de condição, na qual os equipamentos só são in-
tervencionados após avaliação e indicação que os parâmetros de funcionamento
estão alterados.
A corveta António Enes no plano inclinado, Arsenal do Alfeite, S.A., novembro de 2019
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