Artur de Sacadura Freire Cabral nasceu em 23 de maio de 1881, em Celorico da Beira. Em 1897, com dezasseis anos, ingressa na Escola Naval, como Aspirante de Marinha, tendo sido o primeiro classificado seu curso. Em 1900 é promovido a Guarda-Marinha. Enquanto segundo-tenente comandou as lanchas-canhoneiras “Sabre”, “Lacerda” a ainda o vapor “General Silvério”. Com 34 anos é um dos onze candidatos selecionados para a frequência de um curso de aeronáutica militar no estrangeiro, sendo que em 9 de março de 1915 concluiu as últimas provas necessárias do brevet militar de piloto, tendo sido considerado um “très bon pilote”.
Sacadura Cabral ficou intimamente ligado à aviação naval. Oficial temerário, e um hábil piloto, dirigiu ao longo dos anos, como autoridade técnica, a aquisição de hidroaviões e material aeronáutico. Em 1922, juntamente com Gago Coutinho executa com sucesso a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro, feito épico que os catapultou para as páginas da História de Portugal e da aviação mundial.
Fruto do sucesso dessa travessia histórica, em 1924, a Aeronáutica Naval foi autorizada a proceder à aquisição de cinco aviões “Fokker” comprados com dinheiro de subscrições públicas levadas a cabo em Portugal e no Brasil. Em 15 de novembro desse ano descolaram de Amesterdão três hidroaviões — “Fokker” 4146; “Fokker” 4194 e “Fokker” 4197 — comandados por Sacadura Cabral com destino a Lisboa. A seguir à descolagem, e com um imenso nevoeiro, os aparelhos perderam contacto, indo o 4194 e o 4197 amarar em Brest e Cherburgo respetivamente. O 4146, comandado pelo Capitão-de-Fragata Sacadura Cabral e o Cabo mecânico Pinto Corrêa, nunca mais foi visto, sendo dado o alarme a todas as bases francesas e inglesas e aos navios que navegavam na região. Quatro dias depois foram encontrados no mar fragmentos de um flutuador do hidroavião de Sacadura.
No ano em que se cumprem 100 anos do seu desaparecimento, no cumprimento de uma missão, esta promoção, a título póstumo, a contra-almirante é a mais singela homenagem a um militar da Marinha, que, se não tivesse desaparecido prematuramente, a sua promoção ao almirantado surgiria de forma natural, tais as qualidades por si demonstradas e desempenho até então.