Para que fosse possível cumprir com o desígnio, de navegar debaixo do gelo, foi necessário um intenso período de preparação e estudo, em que a guarnição quase que teve que “reaprender” a operar o navio, uma vez que a navegação submarina nas altas latitudes apresenta condições ambientais, sonoras e perigos à navegação, como a existência de Icebergs e gelo solto obrigando assim a adaptar muitos dos normais procedimentos e técnicas normalmente usadas pelos submarinos, quando a navegar em latitudes mais baixas.
A OPERAÇÃO ÁRTICO 2024 contou com o apoio de Marinhas aliadas nomeadamente, a US NAVY, através do Artic Submarine Lab (ASL), e das Marinhas da Dinamarca e Canadá, fazendo jus às boas relações bilaterais entre a Marinha e os diversos parceiros internacionais, fortalecendo assim a coesão da Aliança Atlântica, no seu trabalho combinado e num momento de elevada instabilidade mundial, onde os valores da democracia e o respeito pelas regras Internacionais estão a ser colocadas em causa.
Em paralelo ao estudo e preparação da missão, o navio passou por um processo de manutenção que embora normal, foi adaptado para fazer face às especificidades da missão, nomeadamente a instalação de uma proteção na torre para os mastros pela Divisão de Submarinos da Direção de Navios (DN-DS) e pela Arsenal do Alfeite, SA ou a instalação de um sonar de alta frequência na torre do submarino com o apoio do Instituto Hidrográfico (IH). Importa relembrar que no ano 2023 o Arpão navegou 212 dias, atravessou o Atlântico duas vezes, esteve presente em sítios tão longínquos como o Rio de Janeiro, no Brasil e a Cidade do Cabo, na África do Sul, e ainda terminou o ano operacional com uma patrulha no Mediterrâneo.
Os processos de manutenção e treino são os dois principais fatores que permitem a condução das operações em segurança e com sucesso.
Com a conclusão desta missão o NRP Arpão tornou-se num dos poucos submarinos convencionais a navegar debaixo do gelo, uma área normalmente reservada aos submarinos de propulsão nuclear. Permaneceu debaixo da placa de gelo num total de cerca de quatro (4) dias, tendo também explorado a operação na Marginal Ice Zone , com grande densidade de gelo solto, zona essa com elevado valor tácito, área em que nenhum outro submarino do ocidente se atreveu a operar, desde a II grande Guerra, com total sucesso. Além de adicionar uma nova capacidade aos submarinos portugueses e, consequentemente, à Marinha, o Arpão pôs mais uma vez em prática a “arte de bem fazer”, o que demonstrou que mesmo com todas as condicionantes, mas com dedicação, competência e força de vontade é possível continuar a ultrapassar novos desafios alcançando objetivos considerados por muitos, incluindo aliados, inultrapassáveis.
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