Expedição Oceano Azul descobre novo campo hidrotermal nos Açores
Notícia

Portal da MarinhaPágina InicialMedia CenterNotíciasExpedição Oceano Azul descobre novo campo hidrotermal nos Açores
No âmbito da expedição científica Oceano Azul, foi descoberto um novo campo hidrotermal nos Açores. Localizado a 570 metros de profundidade, no monte submarino Gigante, a 60 milhas da ilha do Faial, este novo campo hidrotermal é uma zona de elevada riqueza biológica e mineral. É a primeira vez que uma expedição organizada por uma instituição portuguesa, liderada por cientistas Portugueses e utilizando navios e meios nacionais localiza um campo hidrotermal em águas profundas no nosso território marítimo.

21 de junho de 2018, 14:56

​​​​​A expedição, é organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a Waitt Foundation e a National Geographic Pristine Seas, e em colaboração com a Marinha Portuguesa através do Instituto Hidrográfico, o Governo Regional dos Açores e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC) com o ROV “LUSO". Esta é uma das mais completas expedições realizadas em águas nacionais, e tem como objetivo explorar zonas ainda pouco conhecidas do mar dos Açores para promover a conservação marinha no âmbito do programa “Blue Azores". 

Participam na expedição cientistas de diversos centros de investigação nacionais, como o IMAR, o MARE, o CCMAR, o CIBIO e a Universidade dos Açores, e internacionais da Universidade do Hawaii, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, da Universidade de Western Australia, e do CSIC, IEO e Museu do Mar de Ceuta em Espanha.
A bordo do navio “NRP Almirante Gago Coutinho" empenhado na missão do Projeto de Mapeamento do Mar Português do Instituto Hidrográfico, a equipa científica dedicada ao estudo dos ecossistemas do mar profundo descobriu, através de mergulhos com o ROV “LUSO" da EMEPC, um novo campo hidrotermal.
Segundo Emanuel Gonçalves, líder da Expedição Oceano Azul e Administrador da Fundação Oceano Azul, “esta é uma descoberta extraordinária pois este campo hidrotermal encontra-se a menor profundidade do que outros conhecidos na Dorsal Médio-Atlântica e apenas a 60 milhas da ilha do Faial, o que para a comunidade científica representa uma oportunidade única, mais acessível, para conhecermos melhor estes ecossistemas dos quais sabemos ainda muito pouco. Esta descoberta reforça o papel único dos Açores como laboratório natural para o estudo do oceano".
Telmo Morato, coordenador da equipa da expedição Oceano Azul dedicada aos ecossistemas de profundidade e investigador do IMAR e da Universidade dos Açores, refere que “os campos hidrotermais são zonas onde emergem fluídos quentes frequentemente relacionados com vulcanismo, ricos em minerais que criam as condições para o desenvolvimento de um ecossistema único que não depende da luz do sol. O campo hidrotermal agora descoberto é composto por múltiplas chaminés de diferentes alturas. Os fluídos hidrotermais são transparentes, ligeiramente mais quentes que o exterior e ricos em dióxido de carbono. Foram encontradas evidências da existência de bactérias associadas a este campo hidrotermal. Esta descoberta da expedição Oceano Azul vem mostrar que ainda existe muito para descobrir no mar Português, sendo os Açores uma região única para o estudo do mar profundo."
A maioria dos campos hidrotermais localiza-se em zonas de fronteira de placas tectónicas divergentes, como é o caso da Dorsal Médio-Atlântica que separa o grupo ocidental do grupo central do Arquipélago dos Açores, precisamente onde se encontra o monte submarino Gigante. São zonas de elevada riqueza biológica e mineral, verdadeiros oásis escondidos no oceano profundo, que normalmente são encontrados a quilómetros de profundidade e a centenas de milhas das zonas costeiras.
Atualmente, são conhecidos oito campos hidrotermais profundos no mar Português ao largo dos Açores: “Lucky Strike" (o primeiro a ser descoberto, em 1992), “Menez Gwen", “Rainbow", “Saldanha", “Ewan", “Bubbylon", “Seapress" e “Moytirra". Os estudos científicos neles realizados, nos quais os cientistas do IMAR e da Universidade dos Açores têm tido um papel de relevo ao longo dos anos, representam importantes contribuições para o conhecimento destes ecossistemas e dos recursos minerais a eles associados.


Sobre o programa Blue Azores
Com uma duração estimada de três anos, esta parceria entre a Fundação Oceano Azul e a Fundação Waitt, tem como objetivo a promoção, proteção e valorização do capital natural azul do Arquipélago dos Açores, em estreita colaboração com o Governo Regional dos Açores e outras entidades. O programa envolve muitas das áreas de atuação da Fundação Oceano Azul: ciência, conservação, avaliação do valor económico dos ecossistemas, literacia e co-gestão das pescas.
 
Sobre a Fundação Oceano Azul
A sua génese resulta da convicção de que em tempos de profunda mudança, é necessário alterar comportamentos que permitam a coexistência do desenvolvimento humano com a proteção do oceano. Assim, a Fundação nasceu, em 2017, de uma vontade de reaproximar Portugal do mar e de ajudar o país a desenvolver uma geração azul e a se posicionar como líder nos temas ligados ao oceano.
A Fundação Oceano Azul tem como eixos principais da sua atividade a Literacia, a Conservação e a Capacitação, sob o lema “from the ocean's point of view".​

A expedição Oceano Azul é uma parceria entre:

Fundação Oceano Azul

Waitt Foundation

National Geographic Pristine Seas

Conta com a colaboração de:

Governo Regional dos Açores

Instituto Hidrográfico

Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental

E com os seguintes participantes:

Universidade dos Açores

IMAR

MARE

CIBIO

UWA​ - The University of Western Australia 

University of Hawai'í

UCSB​ - University of California, Santa Barbara

IEO - Instituto Español de Oceanografia

CEAB Centre d'Estudis Avançats de Blanes

Museo del Mar Ceuta

​Fonte: Oceano Azul Foundation​
Foto de capa: autoria de Nuno Sá

​​

​Chaminé do novo campo onde é visível a atividade hidrotermal. Imagem cedida por ROV “LUSO” Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.




Mapa do monte submarino Gigante (em cima à direita) sendo visível a separação entre as placas americana e europeia. 

Partilhar

Conteúdo